sábado, 15 de setembro de 2007

Blindada contra o stress

Do jeito que as coisas andam, inventar uma estratégia para lidar com as pressões profissionais é uma questão de sobrevivência. Você já tem a sua? Estas mulheres, sim. Pode copiar qualquer uma das táticas, porque todas funcionam!
por Sibelle Pedral e Cristiana Felippe fotos Karine Basilio

Chefes opressores, prazos apertados, pressão para cortar custos, o medo do desemprego... A vida de quem trabalha fora é uma coleção de situações de stress. As mulheres não escaparam dessa espiral - nem têm como. Segundo o último censo do IBGE, divulgado em 2001, 26% das famílias brasileiras são comandadas por mulheres. "Com tanta responsabilidade, elas estão mais sujeitas ainda ao stress", afirma Iêda Novais, consultora de Recursos Humanos. Não são poucos os casos como o da empresária gaúcha Marieta Germani, que, após a separação, assumiu o negócio que antes era tocado por ela e pelo marido, uma oficina de carros de corrida - e foi parar, doente, no hospital, com desmaios freqüentes. "Assisti a tudo e, quando entrei no mercado de trabalho, decidi que não iria acontecer comigo", conta a filha, Patrícia Germani, promoter de uma casa de música eletrônica em São Paulo. Sempre que o stress ameaça tomar conta, Patrícia usa suas armas (leia a seguir). Pressionadas pela necessidade, muitas mulheres, como ela, inventaram estratégias de blindagem. Com isso, além de melhorar a qualidade de vida, ainda ganham pontos nas empresas. "As mulheres mais calmas e com maior jogo de cintura estão sendo muito valorizadas", diz Iêda Novais. Portanto, quando o clima pesar, experimente as idéias das nossas entrevistadas e blinde-se também!
O choque da montanha-russa Você pode dizer que assim é fácil - afinal, Laura Rocha, 44 anos, é gerente de marketing e eventos especiais do Playcenter, um megaparque de diversões em São Paulo. Verdade. Não é toda hora que a gente encontra uma montanha-russa pela frente. Mas, se pintar uma oportunidade, não deixe escapar. "É uma grande descarga de adrenalina seguida de um imenso alívio", garante. Além de planejar campanhas promocionais e viver pressionada por prazos e resultados, Laura ainda tem que administrar os humores de São Pedro, já que dia de chuva é complicação na certa. "Se estou muito tensa, entro na montnha-russa e saio leve." Viva o verde Para manter o espírito firme e transmitir serenidade aos clientes - entre eles executivos tensos e celebridades aflitas -, a terapeuta capilar Patrícia Maciel, 41 anos, encheu sua sala de plantas. "Fechei minhas varandas com bambus e muito verde. Aqui, os passarinhos cantam o dia todo", conta ela, cujo trabalho consiste em buscar e tratar as causas físicas e emocionais da queda de cabelo. "Esse clima faz bem para os clientes e ainda funciona como meu fio terra."

Um chocolate e... pronto! Na hora em que a empresária de moda Vera Queiroz, 28 anos, se sente prestes a explodir, ela não hesita: desarma a bomba com um chocolate. Dona de uma loja de roupas, Vera está sempre às voltas com os altos e baixos do mercado. "Chocolate me acalma", diz. "Acalma mesmo", confirma a nutricionista Andrea Rabay, de São Paulo. "Ele induz a produção de serotonina, substância que desencadeia sensações de bem-estar." Gritar faz bem Patrícia Germani, 29 anos, organiza festas para 5 mil pessoas na casa noturna Manga Rosa, em São Paulo. Seu trabalho é diurno: vende grandes lotes de ingressos, peneira os melhores convites e cuida da divulgação. Se a tensão começa a ficar insuportável, ela vai até a pista de dança - sempre vazia de manhã e à tarde - e grita. "Depois, xingo as paredes e mantenho diálogos imaginários com as pessoas", revela. "Volto leve e recomeço bem mais tranqüila." Meditar é remédio Vice-presidente de operações da EDS, empresa que presta serviços na área de tecnologia de informação para a América Latina, a executiva Maria Fernanda Teixeira, 49 anos, trabalha sob a pressão das grandes decisões. Ela encontrou alívio e sabedoria na meditação, que pratica sempre que o stress aperta. "Meditando, aprendi a me controlar e a não tomar decisões precipitadas. Mesmo que meu diretor queira uma resposta imediata, peço uns minutos para pensar melhor. Sempre dá certo." A oração aquieta A prática espiritual é fundamental para a católica Edília Cristina de Carvalho, 28 anos, manter o equilíbrio como agente de segurança do metrô de São Paulo. Pelo menos três vezes por semana, ela freqüenta a igreja para lidar melhor com os riscos da profissão. "Oro para que a estação não seja assaltada e para não perder a calma com os usuários que me tratam com grosseria", conta. "Graças a esse alimento espiritual, vejo que até nas horas difíceis podemos aprender alguma coisa."


Um cochilo para desanuviar Dona de uma operadora de turismo, Yolanda de Oliveira, 55 anos, enfrenta confusões com companhias aéreas e hotéis lotados com um truque inesperado: uma soneca de 20 minutos. "Quando preciso resolver alguma complicação, me deito no sofá de uma salinha e durmo", conta. A técnica, segundo ela, foi extraída da biografia do primeiro-ministro britânico Winston Churchill, que cochilava até durante os bombardeios alemães a Londres. Melhor: acordava transbordando de idéias sobre estratégias de guerra. Como desligar a mente no meio de um dia agitado? Yolanda recomenda fechar os olhos, imaginar paisagens, mentalizar o ruído de água, respirar bem fundo e ir relaxando devagar até dormir. A ioga pode tudo A executiva Manzar Feres, 40 anos, da divisão de consultoria da IBM, descobriu a ioga há dez anos - e até hoje faz algumas posições no escritório. "Minha preferida é a do elefantinho, que consiste em girar o corpo e balançar os braços. Melhoro na hora", conta. Além disso, a ioga ensinou Manzar a controlar a respiração. Em reuniões difíceis, nossa tendência é mudar o ritmo da respiração, o que embaralha o raciocínio e abre brechas para outros tirarem proveito da nossa fragilidade momentânea", explica. Ela também faz alguns alongamentos durante o dia para evitar que o corpo trave de tanta tensão. Se não for assim, a gente adoece."
Já pensou em lutar caratê? Mais do que uma arte marcial, o caratê contempla uma filosofia de vida baseada no equilíbrio e na harmonia interior. A farmacêutica Regina Schaefer Guedes, 44 anos, apela para os ensinamentos de seu mestre quando parece muito difícil conciliar os três "empregos" - ela administra uma rede de farmácias de manipulação, uma distribuidora de cosméticos e cuida do desenvolvimento de linhas de produtos para clientes especiais. "O caratê é a arte de ultrapassar metas e inspira minha postura no trabalho", diz ela. "É um treinamento pesado para vencer."
Movimentos pela paz O esporte é a válvula de escape da pediatra Jane de Eston Armon, 55 anos, para lidar com as pressões do cotidiano. Ela se levanta todos os dias às 5h20 para fazer uma hora e meia de ginástica na academia. Assim, o organismo libera endorfina, substância responsável pela sensação de prazer, o que me deixa calma durante todo o dia de trabalho", conta. A professora de inglês Maureen Silva, 53 anos, usa uma tática parecida: vai para o trabalho a pé. "Andando, planejo melhor o meu dia e crio estratégias para enfrentar as dificuldades", diz.
Foco nas metas O trabalho da bancária Wanesca Lanis Valadão, 26 anos, é dos mais desgastantes: ela resolve por telefone os abacaxis dos clientes da instituição para a qual trabalha. É raro o dia em que encerra o expediente sem ter ouvido cobras e lagartos de correntistas. "Não perco a calma", reflete. "Meu truque é contar até dez e lembrar das metas da minha carreira. Quero crescer, ter economias, comprar um apartamento." A força que vem da empresa Que o funcionário estressado não produz bem, algumas empresas já sabem. Por isso, criaram estratégias para aliviar a tensão no ambiente de trabalho. Muitas já possuem academias de ginástica ou no mínimo oferecem sessões de massagem, aulas de ioga, tai chi chuan e até psicólogos para ajudar nas horas mais problemáticas. Os funcionários valorizam a iniciativa e estreitam o vínculo com a companhia. "Temos academia de ginástica e sala de convivência, um espaço para relaxar ouvindo músicas ou vendo um DVD. Assim, contribuímos para diminuir as tensões do dia-a-dia do funcionário", diz Marilena Vidal, gerente de RH da Indiana Seguros S/A. "As palestras sobre prevenção de doenças e qualidade de vida no trabalho também ajudam no combate ao stress." Na sede da Serasa, os funcionários têm aulas de ginástica laboral três vezes por semana. Eles também podem fazer acupuntura e aulas de postura durante o expediente. "Queremos evitar decisões precipitadas, frutos da impulsividade gerada pelo stress", diz a gerente corporativa social da Serasa, Márcia Tedesco dal Secco. Se o funcionário ganha qualidade de vida, a produção aumenta."

setembro de 2004
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